ARTIGOS
 
09/01/2018
Quimioterapia em Pets

O surgimento de tumores em animais de companhia é, relativamente, constante, sendo que, em cães, os tumores de mama e os neoplasmas cutâneos são os mais observados. Alguns felinos também sofrem com a doença, sendo mais observadas neoplasias cutâneas bem como as neoplasias hematopoiéticas. A quimioterapia é uma das modalidades que podem ser aplicadas para o tratamento do animal acometido.

Como explica o professor Doutor do Departamento de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais, da Universidade Estadual Paulista (Unesp, Jaboticabal/SP), Andrigo Barboza De Nardi, existem diversas técnicas terapêuticas disponíveis atualmente. “Temos como exemplo a remoção cirúrgica, a criocirurgia, a eletroquimioterapia, terapia fotodinâmica, além de fármacos que atuam em alvos moleculares específicos, como os inibidores do receptor tirosina quinase, e, ainda, a radioterapia”, enumera. Quando se trata de tumores como os linfomas, leucemias e tumores venéreos transmissíveis, a quimioterapia, segundo ele, é a melhor abordagem terapêutica.

 

A quimioterapia pode ser empregada com intuitos diferentes, como exemplifica Nardi. “Pode ser para citorreduzir o tamanho tumoral para que seja possível, em um segundo momento, realizar a remoção cirúrgica ou, também, aumentar o intervalo livre de doenças naqueles casos onde existe a presença de doença microscópica no leito cirúrgico”, destaca.

O profissional expõe que também é possível utilizá-la com objetivo curativo, como nos casos daqueles tumores, citados anteriormente. “Esta será a melhor abordagem terapêutica bem como a alternativa paliativa, na qual a quimioterapia é empregada em situações em que estamos diante de uma doença avançada e nosso objetivo passa ser retardar a evolução da doença bem como melhorar a qualidade de vida deste paciente”, adiciona.

 

A Doutoranda em Clínica Médica na Unesp, Marília Gabriele Prado Albuquerque Ferreira, revela que a ação da quimioterapia em cães e gatos é semelhante à ação da técnica em seres humanos. “O quimioterápico tem como mecanismo de ação principal a destruição de células que apresentam alta taxa de replicação”, elucida.

 

Marília ainda quebra o mito de que a modalidade oferece sofrimento ao animal. Segundo ela, a quimioterapia é tolerada pelos pets. “Como a ideia principal do tratamento do paciente com câncer é promover uma melhora da qualidade de vida, não faria sentido instituirmos um tratamento que causasse um sofrimento maior do que a própria doença ao cão ou gato”, desvenda. Usualmente, os profissionais esperam efeitos adversos brandos e, quando observados, estão principalmente relacionados ao trato gastrointestinal.

 

Portanto, a saúde de um animal pode ser comprometida no decorrer do tratamento, mas não de forma intencional. “Quando isso acontece, normalmente, está associado a uma sensibilidade individual do paciente. Sendo, portanto, observado em casos raros e isolados”, garante Marília. Uma vez tendo ciência dos principais efeitos adversos esperados, é viável, segundo Nardi, entrar com medicações no intuito de evitar ou minimizar essas reações. “Dentre essas medicações, utilizamos fármacos antieméticos, fármacos protetores de mucosas gástricas, antioxidantes hepáticos, entre outros, a depender do potencial de toxicidade do quimioterápico”, completa.

 

A técnica só é contraindicada em casos de pacientes que apresentam doenças concomitantes graves, nos quais a quimioterapia possa agravar esse quadro. “Também não indicamos para pacientes mielossuprimidos, com uma diminuição da contagem de células sanguínea, pois a quimio poderia potencializar essa mielossupressão e predispor o paciente a infecções oportunistas”, frisa o profissional.

 

Marília também conta que não há necessidade de internação para a realização do tratamento. “Porém, cerca de 5% dos pacientes submetidos à quimioterapia antineoplásica podem apresentar efeitos adversos intensos havendo a necessidade de cuidados intensivos e hospitalização”, menciona. Esse quadro, segundo ela, geralmente está relacionado à ocorrência de uma mielossupressão intensa que pode facilitar a translocação bacteriana e sepse. “Nesses casos, o tratamento quimioterápico deve ser descontinuado e terapias intensivas devem ser instituídas até o reestabelecimento da condição do paciente, o que acontece em torno de 48 horas, após o início do tratamento crítico”, acrescenta.

 

Os tutores se abalam bastante, como relata Nardi, diante do diagnóstico e indicação do tratamento quimioterápico, visto que é comum as pessoas acreditarem que seu pet sofrerá com o tratamento. “A maioria se surpreende, pois, realmente, os efeitos adversos acabam sendo menos intensos e frequentes frente ao que esperam”, garante o profissional que acredita, em um futuro próximo, no surgimento de algum fármaco capaz de inibir completamente esses raros efeitos. “Diversos pesquisadores têm se dedicado à avaliação de modalidades terapêuticas cada vez mais específicas, o que pode, consequentemente, minimizar as reações adversas sistêmicas observadas nesses pacientes”, finaliza.

 

Fonte: Revista Cães e Gatos,  Cláudia Guimarães
http://caesegatos.com.br/profissionais-comentam-a-o-da-quimioterapia-no-organismo-dos-pets

 
 
 
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