ARTIGOS
 
24/01/2015
Tumores mamários em cadelas

Em 2010 aconteceu um encontro promovido pela ABROVET (Associação Brasileira de Oncologia Veterinária) e pela ABPV (associação Brasileira de patologia Veterinária) com médicos veterinários patologistas, clínicos e cirurgiões para padronizar condutas diagnósticas e de tratamento dos tumores mamários em cadelas. A partir deste Consenso foi elaborado um artigo para divulgar as discussões que aconteceram naquela data. Neste texto, há um pequeno resumo sobre os aspectos mais importantes. Caso queira saber mais, o link para o artigo está disponível no final do texto.

Vários esforços têm sido feitos para a adoção de critérios para padronizar o diagnóstico, a compreensão do comportamento e progressão tumoral, bem como a avaliação de fatores prognósticos incluindo morfologia, expressão de oncogenes e alterações genéticas. O conhecimento e a adoção desses critérios são fundamentais para a seleção e o sucesso de terapias que poderiam prevenir a recorrência do tumor e aumentar a sobrevida.

A determinação do estágio clínico permite a definição da extensão do tumor. Como consequência, permite estabelecer um prognóstico e planejar o tratamento. O estadiamento clínico é determinado de acordo com o sistema TNM estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para os tumores mamários caninos. Com base neste sistema, o tamanho da lesão primária (T), a extensão da sua expansão para os nódulos linfáticos regionais (N) e a presença ou ausência de metástases distantes (M) deve ser avaliado.

As glândulas mamárias abdominais e inguinais caudais são afetadas com maior frequência do que as glândulas torácicas e durante o exame clínico, não só as duas cadeias mamárias como também os linfonodos devem ser explorados. O procedimento padrão de diagnóstico para avaliação de doença metastática pulmonar é a realização deradiografias de tórax em três vistas (ventrodorsal e laterolaterais). As lesões pulmonares que variam em tamanho de seis a oito milímetros de diâmetro, podem ser detectadas usando radiografia convencional. A detecção precoce de lesões metastáticas menores que 6 mm, podem ser alcançados por meio de tomografia computadorizada. O pulmão é o local mais comum de metástases à distância em cães com neoplasias mamárias malignas, mas exames adicionais, tais como ultrasom abdominal ou radiografia deve ser recomendado para a investigação de outros sítios anatômicos, dependendo dos sinais clínicos específicos apresentados pelo paciente. A observação de metástases à distância está associada a um prognóstico desfavorável.

A biópsia excisional é o método diagnóstico recomendado para tumores mamários caninos e a citologia é um método seguro para inspecionar os linfonodos. Desse modo a citologia por agulha fina deve ser realizada em linfonodos que apresentam alterações no volume, forma e consistência ao exame clínico.

O carcinoma mamário inflamatório recebe esse nome após o aparecimento clínico inicial da lesão, que se assemelha a um processo inflamatório da pele ou da glândula mamária. É um tumor raro, com um curso clínico fulminante e prognóstico desfavorável. Macroscopicamente, cresce como contínuo, firme em placas hiperêmicas sem demarcação específica. Outros sintomas incluem prurido, aumento da temperatura local, dor intensa ou moderada , inchaço e vermelhidão da pele que recobre a glândula mamária. Em carcinomas inflamatórios, a ressecção cirúrgica como neoplasia não é recomendado, terapias que promovem o controle efetivo da dor associada à quimioterapia antineoplásica são indicados. Piroxicam numa dose de 0,3 mg/kg por via oral a cada 24 horas ou 0,5 mg/kg por via oral, a cada 48 horas , proporcionou um aumento de sobrevida de cães com carcinoma inflamatório.

Muitas vezes, os animais apresentam múltiplos nódulos nas glândulas mamária e, muitas vezes, os nódulos não correspondem ao mesmo tipo histopatológico. Portanto, é essencial a realização de um exame anatomopatológico de todos os nódulos, independentemente do seu tamanho, uma vez que oferece informação adicional importante que pode ajudar o médico a definir o prognóstico e o melhor plano de tratamento.

A remoção cirúrgica completa de tumores localizados sem envolvimento metastático é o procedimento terapêutico com a mais alta probabilidade de cura. Excisão cirúrgica dos tumores mamários permite o exame histopatológico, aumenta o tempo de sobrevida e a qualidade de vida do paciente e pode ser curativa, com a exceção do carcinoma inflamatório ou na existência de metástases distantes.

A cirurgia para tumores mamários implica a remoção do tumor e as glândulas associadas com a drenagem linfática e o linfonodo. Para isso, é necessário conhecer a anatomia da drenagem linfática: as mamas cranianas e torácicas caudais tem drenagem para os linfonodos axilares ipsilaterais. A mama abdominal cranial drena principalmente no linfonodo axilar, mas, simultaneamente, para o linfonodo inguinal superficial ipsilateral. As glândulas abdominais caudais e inguinais drenam para o linfonodo inguinal superficial ipsilateral.

A OSH (ovariossalpingohisterectomia) precoce parece ser o único método de prevenção variabilidade hormonal que ocorre durante o ciclo estral, o que sem dúvida influencia o desenvolvimento desses tumores.

A quimioterapia tem sido usado em cães com neoplasias mamárias malignas como uma terapia adjuvante. No entanto, há informações limitadas sobre sua eficácia e os protocolos propostos na literatura consistem no uso de doxorrubicina associada com ciclofosfamida ou a utilização de cisplatina ou carboplatina como drogas individuais.

Fonte: 4InfoVet, por M.V. Ana Luiza Nairismagi Alves, médica veterinária, psicóloga formada pela USP
Atua com clínica médica de pequenos animais.
Link: http://www.4vets.com.br/info4vets/tumores-mamarios-em-cadelas/  

Referência Bibliográfica
Cassali et al., Consensus for the Diagnosis, Prognosis and Treatment of Canine Mammary Tumors. Braz J Vet Pathol, 2011, v. 4(2), p. 153-180. http://www.abpv.vet.br/upload/documentos/DOWNLOAD-FULL-ARTICLE-29-20881_2011_7_11_14_42.pdf

 
 
 
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